O seu coração foi o lugar mais frio que já estive!

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Era uma viagem de idas e vindas, mas era mais idas do que vindas, ele gostava de sumir, talvez isto o acalmava, fazia ele pensar em quem ele era e quem ele foi, já que para muitos podia ser considerado o bad boy, um garoto sem coração, que não sabia o que era emoção, mal sabia o que era amor, da família, de amigos, ele só lembrava de dor, a verdade é que guardava rancor, e o seu coração frio era da solidão do passado em que viveu. Este garoto frio e sem coração encontrou uma garota, que a pouco tempo terminou um relacionamento, ela era meiga e delicada, mas na época parecia mais fechada, mas no momento em que viu, disto ela esqueceu, se derreteu e foi se apresentando, ele meio  seco disse seu nome sem nem se importar com o dela, ela logo percebeu sua grosseria, e nem entendia o porque de alguém como ele estava ali, num salão de igreja cuidando voluntariamente de crianças, ninguém sabe ao certo o porque ele estava lá, talvez encontrando uma forma de mudar, ou de simplesmente relaxar, ela tentava não pensar no porque ele estava lá, mas não dava, ao olhar pra ele se encantava, vendo ele se dar bem com as crianças que ela tanto amava, e assim foi passando o tempo, ele a ignorando, ela olhando, mas ele admirando, quando ela não estava olhando.

Quando as crianças forma embora finalmente ficaram sozinhos, ele não era tão bom em elogiar, mas tentou falar:
“Ér, você é dahora, com as crianças, você é dahora!”
Ela sorriu, olhou pra ele e disse: O que te trás aqui?
Ele: Porque não saímos e ai conversamos melhor, o que acha?
Ela: Mas para onde e quando?
Ele: Sem destino, só andar por aí, hoje e agora, vamos?
Ela sorriu e disse sim, não iria perder a oportunidade de arrancar palavras do garoto misterioso e charmoso, nem ele sabia o porque mas simplesmente se abriu, disse que pra ele o mundo se resumia em escuridão e solidão, em dor e quase nunca paixão, ele não tinha em quem confiar e vivia por ai andando tentando se aliviar, das dores que passava ou que tinha passado, disse que a frieza que ele tinha comia cada centímetro dele, que ele tinha motivo e que talvez ele guardasse demais as mágoas e descasos desse mundo. Confessou que não era a melhor companhia, que era melhor nem se aproximar, e ela deduziu que foi por isso sua grosseria ao se apresentar, mas quem era ele para saber quem devo falar, ou não falar?, logo ela pensou, ele explicou que não escolheu o melhor dos caminhos da vida, e que foi isso que o trouxe para aquele salão da igreja para cuidar das crianças, ele disse que se ele fizesse o bem talvez ele conseguiria colher o bem, e assim mudar o seu rumo, foi então que a garota perguntou, “Então está disposto a mudar?”, ele disse que sim sorrindo pela primeira vez em toda a conversa, e então ela disse, “que bom, porque agora eu posso me aproximar de você” ele sorriu, ela o admirou mais uma vez, eles se olharam por um tempo, como se por olhares conseguissem conversar,  e depois ele disse que a levaria até em casa.

Ela ao chegar em casa não parava de pensar no que havia acontecido, estava encantada e ele era só um desconhecido, não houve beijo e nem abraço, só um desconhecido que virou amigo, que na verdade ela queria bem mais que isto, a verdade é que no meio daquele coração desapegado e meio bagunçado ainda havia um espaço para uma nova paixão, e mesmo ela tentando negar, era isto o que sentia.
Não adiantava negar, pois esperava ansiosamente por mais um domingo, e ficava contente já na sexta por estar perto de sábado, e no sábado se preparava para o dia seguinte.

Felizmente mais um domingo chegou, desta vez com mais sorrisos e olhares, brincadeiras pelos pilastres daquele pequeno salão, as crianças ficaram mais felizes, aquele lugar estava mais alegre e contente aparentemente tudo estava bem, a não ser o coração da garota que não batia forte mas, explodia forte como um filme de guerra, seu estômago que abrigava borboletas, sua surdez para o mundo e a voz dele como uma canção, e ali já era, estava comprovado que a garota estava apaixonada pelo garoto! Então ele a chamou pra sair, mas dessa vez foi diferente, chamou para jogar sinuca, quando ela perguntou se isto seria outro encontro, ele a corrigiu dizendo, “não, este é o primeiro encontro da gente!”
E assim foi ele tentando me ensinar, e ela tentando jogar,  ao se abraçar comemorando o acerto da garota finalmente surgiu o primeiro beijo, longo, demorado e apaixonado,foi então que ele disse, “Viu, isto é um encontro, só é um encontro de verdade quando os dois se beijam no final”, ela sorriu se apaixonando mais e mais.
Não esperava que ele ficasse grudado nela o tempo todo, mas que tivesse orgulho de andar de mãos dadas com ela, e assim foi, por uns tempos. Ela se sentia livre e ao mesmo tempo completamente apaixonada, ele a deixava segura mesmo ela meio desajeitada, ela se sentia ela mesma não tinha medo daquela paixão, não tinha medo da emoção, até as roupas que vestia, meia estranha, ele dizia que gostava de coisas diferente. Todo aquele medo de arriscar as coisas que mais queria fazer tinha acabado, pois ela estava segura, assim pensava.

O garoto punk escutava seu rock pesado, e ela delicada se deitava em seus braços, seus momentos juntos eram perfeitos, não havia monotonia, era diversidade em passeios, e lugares que ficavam, todo encontro parecia o primeiro. Ela não esperava dar tchau, nem dizer adeus á todo aquele sentimento bom que sentia, nem mesmo dar tchau para a sua paixão, deve ser por isto que ele sumia por uns tempos, sem ela saber por onde andava, sem saber aonde ele estava, só esperava que um dia dia ele voltasse, até ele voltar batia saudade, saudade de seus carinhos desajeitados, mas com abraços apertados, das saídas sem rumo, das calças rasgadas, e suas piadas sem graça.

Era só saudade, mas quando ele chegava tinha tanta felicidade que a garota esquecia de perguntar por onde ele andava, ele era um viajante, que viajava por lugares que ela nem conhecia e nem imaginava, só sabia que aqui, onde ele devia estar, ele não estava. Mas sempre foi bem recebido, aproveitava os poucos e bons momentos tranquilos, ela sentia a falta dele, mesmo que ele erre, ela erre, os dois pertenciam ao mesmo mundo em algum lugar, uma pracinha ou estrada, andando desastrada ela sempre ia lembrar que cantava o rock alto andando pelo asfalto de uma rua qualquer, sem sequer saber a letra da música.

Ainda assim com essas idas, e mais idas que vindas do garoto, ela sentia algo mais forte como um ruído que dizia, “Fica, este coração precisa de você, precisa de amor..”, e ela sentia a dor da partida, sentia falta dele como a fome que faz um vazio dentro da gente. A agonia da fuga dele a desesperava, porque sempre escolheu o mal para curar sua dor, nunca percebeu que o certo era o amor! Fingia ser um bad boy, mas na frente da garota já havia chorado dizendo que a vida dói.
Ela decidiu não mais esperar, cansada de sentir a dor da falta de um amor que mal sabia se era correspondida, então quando perder um pouco de razão que te cabe, volta e vem me ver. Quando chegar traz um abraço apertado, um riso forçado e letras sussurradas quentes e doces no meu ouvido. No meio das nossas bagunças e medos, minhas cores estão prontas pros teus dias cinzas, é só chegar, voltar e vir me amar…

E nessa vida tão surpreendente trouxe o garoto, de volta seguro do que sentia, pronto para dizer, que não tem medo do mundo, do que os outros pensam, não tem medo de abraça-la e beija-la na chuva ou na rua, que todos os momentos que ele teve foram os primeiros e únicos momentos de afeto e de amor verdadeiro que ele teve, ele queria ter a oportunidade de agradecer todo o amor que ele conheceu, queria lhe dizer, que quando foi fazer o trabalho voluntário, seu único objetivo era conhecer o lado do bem, mas acabou conhecendo o melhor da vida, o amor verdadeiro, o amor de uma pessoa, e a aceitação de uma pessoa que mal o conhecia, tudo aquilo era novo para ele, era por isto suas partidas, não sabia o que fazer, nem como reagir, claro que nada disto é desculpa, mas ele temia o que já tinha acontecido, perder o primeiro e verdadeiro amor da sua vida…

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“Quando falo de você não falo de amor, e sim uma paixão que virou dor,
A dor é de nunca poder saber, e se..
E se, eu tivesse esperado, E se, você realmente tivesse me amado!”

O orgulho ganhou o amor desta vez, o orgulho da garota impediu-a de pedir para que ele ficasse e não partisse, mesmo seu coração partido, ela nunca disse. E ele com seu orgulho deixou de dizer que pela primeira vez estava amando, envés disto simplesmente fugia.

Alana Vieira

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